Redatoria: Comunicação Digital Inteligente e Personalizada

Em tempos de pós-verdade, de grandes debates políticos, sociais e comportamentais, a publicidade tem um compromisso que precisa ser levado a sério e tratado com grande cuidado. A  voz de uma marca precisa expressar conceitos e valores reais, assumindo a responsabilidade por tudo aquilo que produz e veicula. Um bom exemplo é a corajosa Netflix, que interrompeu as filmagens após denúncias de assédio sexual contra o ator Kevin Spacey, protagonista de uma de suas séries originais mais assistidas: House of Cards. O intérprete de Frank Underwood não configura mais nas imagens de divulgação do seriado, mas sim a da atriz Robin Whight. Isso reflete a coerência de uma empresa que defende a igualdade e a diversidade.

Imagem: Netflix

Muitas vezes, percebemos o aproveitamento de causas sociais sem engajamento prático ou sem que a empresa realmente se preocupe com as informações que está transmitindo. Quando uma marca se posiciona em uma campanha, ela precisa estar conectada com a causa, com o conteúdo daquilo que está promovendo. Não adianta falar, por exemplo, em roupas com tecido sustentável e manter no estoque peças feitas com tecidos fabricados em países com condições empregatícias, no mínimo, duvidosas. O consumidor atual é bastante crítico e consegue reconhecer publicidades oportunistas. Quando uma empresa levanta uma bandeira para o feminismo, para a defesa dos direitos das minorias ou para campanhas de saúde, como o Outubro Rosa, por exemplo, ela precisa fazer isso com propósito. No entanto, inúmeras vezes, o que vemos é exatamente o oposto disso.

Existem marcas que prometem e vendem uma ideia falsa de homenagem à mulher ou contra os discursos machistas, mas possuem em sua linha de produtos peças que perpetuam comportamentos misóginos. De fato, é preciso ter muito cuidado com as bandeiras que se levantam para que o discurso esteja alinhado às atitudes da marca, seja interna ou externamente. Não é viável apresentar apenas um mote para enganar os consumidores. É preciso ter compromisso com as pessoas, assumir erros e buscar melhorias constantes, como muitas marcas já estão fazendo. Você já viu as novas campanhas da Skol? Elas não lembram em nada o que era veiculado anos atrás. Quando alguém admira uma marca, ela não compra apenas um produto ou serviço, mas também se identifica com o posicionamento do negócio. Sim, chegou o tempo em que a publicidade também precisa de verdade.

Imagem: Facebook Skol