Redatoria: Comunicação Digital Inteligente e Personalizada

Literatura e sociedade são vertentes de estudos que andam de mãos dadas, pois o texto literário também se legitima pela necessidade humana de compartilhar memórias e experiências. Neste sentido, é lícito afirmar que a palavra no texto literário não é utilizada apenas como instrumento de expressão, mas pode também servir como denúncia da diferença, com o objetivo de discuti-la em um debate aberto que não prima pela “verdade absoluta”, mas pela compreensão do que a diferença revela em seu comportamento. Trata-se da palavra que “faz a diferença”, na medida em que a inscreve em sua reflexão e sobre ela tece argumentações, pensando-a e situando-a no seu âmbito sociocultural.

A palavra, no texto literário, tem um poder revelador, que por vezes, deixa de ser utilizada como informação natural, biológica ou técnica, e passa a sustentar um poder catalizador de sentidos, um poder libertador e, dessa maneira, é utilizada como mecanismo de reflexão. Talvez seja por isso que se diga que “[…] no escrever médio da modernidade, o sujeito constitui-se como imediatamente contemporâneo da escritura, efetuando-se e afetando-se por ela […]” (BARTHES, 2012, p. 23). No que se refere à literatura contemporânea, a ideia de resistência e o engajamento reflexivo que a narrativa literária promove está conectada à postura de denúncia de uma sociedade que apresenta claros sintomas de alienação e desajuste. No entanto, apesar da literatura representar esse sistema a partir de uma visão decadentista e crítica da realidade, as obras deste momento histórico não possuem um caráter panfletário, que pretende levantar uma bandeira política ou ideológica. De forma geral, os escritores não pretendem moralizar, buscam antes, demonstrar, expor a realidade, a fim de levar o leitor à reflexão sobre as controvertidas questões destes tempos que vivemos. Cede lugar ao espanto, à perplexidade muito mais do que o combate explícito no texto.